quarta-feira, 7 de março de 2012

Do feminismo ao debate de gênero
PT Itajaí06:49 0 comentários


O Dia Internacional da Mulher expressa um traço poroso da história universal, que se integra à agenda anual, como uma forma de trazer, de tempos em tempos, narrativas de luta e conquista, ao meio de uma sociedade desigual. Trazer à tona fragmentos da história para que essas memórias não caiam no esquecimento e, com isso, o passado volte a se repetir. Entre elas, a mais lembrada: 130 tecelãs foram queimadas vivas em seu ambiente de trabalho por protestarem, em 1857, na cidade estadunidense de Nova Iorque.

No Brasil, as conquistas se contrastam com as desigualdades entre feminino e masculino. Em 1917, operárias têxteis da Fábrica Crespi dão início ao mais importante movimento grevista de São Paulo. Quinze anos depois, em 1932, foi conquistado o direito feminino de voto no Brasil, mas se contrasta, ainda hoje, com salários menores das mulheres. No período de modernização acelerada na ditadura militar, conhecido como “milagre econômico”, as mulheres entraram maciçamente no mercado de trabalho, acentuando mais a desigualdade classista sofrida por elas. Foi o momento de voltar a proclamar o direito à cidadania e denunciar a dominação patriarcal.
A ditadura militar produziu, paradoxalmente, uma rica contracultura. A luta da mulher em defesa da igualdade civil se fortaleceu na abertura política, em 1985, ao mesmo tempo em que o mercado passou a promover um culto californiano do corpo feminino. A luta por mais direitos civis se estendeu, também, na busca de libertação das forças dominadoras e alienantes do mercado, como o processo de fetichização do corpo da mulher nas vitrines e na paisagem televisiva.
Esse cenário fortaleceu os movimentos feministas, estando na linha de frente contra os preconceitos de raça, de etnia, de gênero e de classe. Dessa rica experiência de luta, integra-se ao debate a discussão de gênero, que rompe de vez com o debate sobre o sexo como um atributo da natureza humana.
Mas não há dúvida de que os espaços independem da condição de gênero. O maior exemplo da história recente vem da própria Dilma Roussef, primeira Presidenta do Brasil.

Do condicionamento sexual às identificações de gênero

As imagens que definem os papéis do feminino na nossa cultura são pautadas na tríade sexo, gênero e desejo. Tinha-se o princípio de que se a criança nascesse com pênis, automaticamente seu gênero deveria ser masculino e o seu desejo seria pela vagina. Essa forma de agregar o sexo ao seu oposto é uma construção imaginária que naturaliza as relações sexuais. Automaticamente surgiam os anormais, os desvios, os errantes que não entravam nesta lógica que favorecia a moral dominante.
O movimento pós-feminismo, que trabalha com o gênero como categoria de análise, passa a enfatizar a construção da sexualidade, desconstruindo essa tríade de naturalização do desejo sexual. Isso significa dizer que o gênero, o desejo e os papéis sociais não são definidos pelo sexo. Assim, a sexualidade é construída.
Esta proposta de desconstrução da tríade que condiciona o sexo força à sociedade a ver e aceitar novas possibilidades de viver a própria sexualidade. Isso é revolucionário. Revoluciona a moral. Provoca alterações no campo político, estético e ético.
No século XIX, temos as pinturas de Dubret (sendo que o pintor francês chega ao Brasil em 1816). Hoje temos filmes de Pedro Almodóvar. Mesmo que o preconceito de gênero continue e as mulheres e homossexuais, em determinadas situações, sejam considerados "anormais" ou inferiores por uma parte da sociedade, ou ainda, parte dessa "anormalidade" alimente o capitalismo (mulheres em media ganham salários inferiores aos homens), essa temática hoje tem visibilidade. Mas do que isso, o fato de trabalhos como o de Almodóvar integrar os produtos da indústria cultural e as políticas públicas brasileiras considerarem esta variante no quadro da diversidade, são sinais de que há uma mudança subjetiva no imaginário social. Um sinal de que essa luta tem alcançado resultados. 

Obras como a de Jean-Baptiste Debret (1768-1848), que pintava o cotidiano e intimidades no Brasil Colônia, passaram a ser fonte de pesquisa na História.


Por José Isaías Venera
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