quarta-feira, 7 de julho de 2010

Passado autoritário
PT Itajaí20:58 0 comentários

No blog do Gerd Klotz (http://gerdklotz.wordpress.com/) foi publicado uma série de capas e páginas do jornal Afinal. Em 2006, Fundação Genésio Miranda Lins também dedicou espaço na edição do Jornal Itajahy à história do jornal e da censura à imprensa praticada na ditadura militar em Santa Catarina. A matéria de capa contextualiza os difíceis anos em que o país foi governado pelos militares e apresenta o jornal Afinal, de Florianópolis, que combateu, de forma implacável, o então governador biônico (não eleito) Jorge Konder Bornhausen e a ditadura no Estado, até que o jornal Afinal foi censurado em nome da “Lei de Segurança Nacional”.




Confira parte da reportagem publicado no jornal Itajahy:


O papel revolucionário da imprensa


A imprensa teve um importante papel de combate às torturas e de conclamar, na esfera pública, o direito civil dos cidadãos para participarem dos rumos da política nacional. Quanto mais censura e repressão, mais aflorava a necessidade de liberdade de expressão, sentimento que impulsionava jornalistas a cavoucarem os porões proibidos da ditadura e, aos poucos, a revelar o trabalho da dor promovida pelo regime político. E foi com a morte, em 1975, do diretor de jornalismo da Cultura, Vladmir Herzog (conhecido como Vlado), em um quartel do Exército em São Paulo, que os casos de tortura tiveram mais visibilidade, ultrapassando de vez o rígido controle dos aparelhos de repressão do regime. Vlado foi torturado. No velório, cerca de 600 pessoas foram à cerimônia. Pela primeira vez, um cardeal, Arns, e um senador da República, Franco Montoro, "velaram um morto do Regime", como descreveu Elio Gaspari, no livro “A ditadura encurralada”. Desde então, esse passado da história brasileira guarda surpresas em periódicos, muitas vezes, desconhecidos pela grande população.


De fato, a imprensa desta época foi um meio pelos quais as tensões foram manifestadas. Enquanto a liberdade era paulatinamente castrada, chegando ao seu ápice com o AI-5, a imprensa clandestina encontrava vida. Denunciava. Mostrava as vísceras da ditadura. A imprensa, quando não clandestina, tinha, quase sempre, seus dias contados. Esse foi o caso do periódico Afinal, de Florianópolis, que combateu a ditadura. Periódico mensal, tinha um estilo crítico. Denunciava. Era irônico. Criativo. Cultural. Mas pagou caro por isso. Como consta na edição especial de junho de 1981, o então governador biônico (não eleito), Jorge Konder Bornhausen, pediu o enquadramento de quatro jornalistas, três deles do conselho editorial do jornal “Afinal”, na Lei de Segurança Nacional.


O jornal “Afinal” era constituído pelos conselheiros E. J. T. Neto, Eloy G. Peixoto, Ezequiel Tiskoski, Flávio Espedito de Carvalho, Ney Vidal Filho, Nelson Rolim de Moura e Paulo B. de Salles. Nas edições de maio de 1980 a julho de 1981, quando o periódico foi proibido de circular, as críticas eram, na sua maioria, voltadas aos atos do governador interventor Bornhausen. Para se ter ideia do conflito que ocorria numa das instâncias da esfera pública, os editores assumem a oposição ao Regime Militar, representado no estado por Bornhausen. Na edição de junho de 1981, foi publicada uma nota esclarecendo que o jornal estava às vésperas de ser fechado em decorrência de uma ação aberta pelo governador. No editorial da mesma edição, encontramos o embrião que deu origem ao jornal, que inicia de forma a azedar ainda mais as relações: "Bornhausen é o responsável. Foi ele que, a pretexto de controlar a opinião pública, tentou, de forma grotesca, transformar todas as redações do jornal 'O Estado' em repartição pública do seu governo ilegítimo. Fomos sendo demitidos um a um (às vezes, dois a dois), [...] na mesma proporção que oba-ôbas gerais ao PDS frequentavam suas páginas".


Desde a criação do “Afinal”, as acusações eram constantes. Na edição de fevereiro de 1981, Ney Vidal Filho publicava a denúncia que saiu no jornal “Hora do Povo”, apreendido no dia 14 de janeiro do mesmo ano. A denúncia: "o governador nomeado Jorge Bornhausen e outras autoridades e ex-presidentes têm contas secretas na Suíça".


por José Isaías Venera
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